07 fevereiro 2007

O olhar
Ele sabia provocar. Não via a poesia nos olhos dela: reconhecia sua resistência a cada surto poético. E ela gostava. Querendo sempre se proteger e se vestir de mistério, se excitava imaginando que ele via outra além daquela que ela cismava em mostrar. Ela deitada, ele atento. O silêncio de sempre: o que não poderia ser dito, o que gostaria de ser expresso, uma amostra da falta, do vazio, do desejo... Dois em um, um em dois, vários. O poente na janela e ela se segurando para não tagarelar as metáforas do sol se pondo. Ele já a havia descoberto- não faria mais sentido. Pensamento longe, perto do céu. Um choro no fundo, mãos inquietas, peito aberto e apertado. E ele lá, com ela: era disso que ela precisava.

2 comentários:

Unknown disse...

Fiquei curioso pra saber quão longe vc foi para perceber o que chamou de óbvio em meu comentário anterior! Ou será que já sei? rs!
Bjo.

Marina disse...

será que vc já sabe?! é tão óbvio assim...? :-) rs...
bjo e vê se aparece!