30 agosto 2007


“Procelária”

Sophia de Mello Breyner- 1967


É vista quando há vento e grande vaga

Ela faz o ninho no rolar da fúria

E voa firme e certa como bala


As suas asas empresta à tempestade

Quando os leões do mar rugem nas grutas

Sobre os abismos passa e vai em frente


Ela não busca a rocha, o cabo, o cais

Mas faz da insegurança sua força

E do risco de morrer, seu alimento


Por isso me parece imagem justa

Para quem vive e canta no mau tempo

24 agosto 2007

A mulher tem que ter coragem para se entregar porque toda entrega é um ato artístico. E a arte não é feita assim, de qualquer jeito. O artista espera. Se inspira. É fecundado. Gesta. Faz nascer. Alimenta. A natureza da mulher é ontologicamente artística. Talvez venha daí a pouca visibilidade da mulher na arte, ao longo da história. As obras femininas são expressas cotidianamente nos bastidores. Há tempos já intuo que uma das diferenças marcantes entre homem e mulher é a questão do tempo. A mulher se demora mais, o tempo da gestação... Faz sentido isso? Talvez. Taí um tema para um bela tese.


Fim do meu inferno astral, tempo de eu aniversariar.
E eu nasci no Dia Internacional da Igualdade da Mulher: intrigante isso.

10 agosto 2007

"Agora, para romancear a vida, não é preciso encontrar destinos grandiosos. Basta enxergar o detalhe que sempre está presente num canto escuro da realidade cotidiana, ao alcance de uma ampliação fotográfica."
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Contardo Calligaris
em seu artigo sobre o cineasta morto Michelangelo Antonioni,
publicado na Ilustrada, na Folha de São Paulo, em 09/08/07

08 agosto 2007