30 novembro 2006

"COMO TODOS OS VÃOS SONHADORES,
CONFUNDIA O DESENCANTO COM A VERDADE"
Sartre, em "As palavras"

27 novembro 2006

Segredos revelados
Promessas descumpridas
Intensidades diluídas
O vento me espalhando por aí
Não posso ficar, só sei partir
Saindo dos trilhos, me perco
Nosso destino é esse
vendados, atravessar pontes
nus, ultrapassar barreiras
juntos, só ir

24 novembro 2006

Por onde vou guiar o olhar que não enxerga mais
Dá-me luz, ó deus do tempo

Dá-me luz, ó deus do tempo
Nesse momento menor
Pra eu saber teu redor


A gente quer ver horizonte distante
A gente quer ver horizonte distante


Aprumar

Através eu vi, só o amor é luz
E há de estar daqui até alto e amanhã
Quem fica com o tempo
Eu faço dele meu e não me falta o passo, coração

E não me falta o passo, coração

Avante

A gente quer ver horizonte distante
A gente quer ver horizonte distante


Aprumar


Horizonte distante- Marcelo Camelo

19 novembro 2006

Eu desviava os olhos, não podia fazer diferente
E você aparece como quem não tivesse partido
Nós lado a lado
E os sonhos não-vividos
Estavam agora nas minhas mãos
Quase sem eu perceber
Seu desejo assustador
No meio a alucinações e confissões

Um pedido parecendo um eco distante
Um sussurro longínquo tão próximo ao meu corpo
Eu queria parar o tempo para guardar o instante
Em que sua nudez me transtornou

A revelação se deu sem a minha espera:
Eu ali
Você aos meus pés
Nós
Se desfazendo
Como corpos castos se entregando à perdição
- Não!
Você desaparecia lentamente ao me tentar
Tornando-me insensível ao me tocar
Nós de todos os lados
E ao te ter, eu nos perdi

12 novembro 2006

A quem me sustenta o olhar
Me cedendo um corpo
Legitimando minha loucura sã
Com a mão na minha ferida
Ao me oferecer um espelho

A quem me tem
E me quer

Ao seu ódio
Sua boca
Seu desejo
Sua farsa

gratidão

09 novembro 2006

As sensações não me enganam
e hoje eu não preciso dizer nada
- nada é só o que sei

A certeza das incertezas
A continuidade dos caminhos descontínuos
A impressão de que um passo a mais é um passo a menos:
o que passou é o que ficou
e o que é pode vir a ser

Entre fugas, esconderijos, medos
Entre olhares que se cruzam e se evitam
Entre encontros que se desencontram

As palavras que tocam
As músicas que perseguem os caminhos...
hoje é o que eu posso ser,
na esperança cruel que sustenta as ilusões, os sonhos e o futuro

O por vir se delineando nas mãos de um artesão
que delicadamente se alia ao tempo
Tempo que revela e apaga

Te espero? Acho que sim
A busca pelo o que não se sabe o que é,
a teimosia do querer

Seus olhos fugitivos que eu não sei para onde olham
mas que eu quero para mim

Devaneios tão particulares e tão comuns
Distâncias que aproximam
Desejo que escapa e se esconde
(sossego)
Desejo de união e solidão

Palavras –mistério
Silêncio que fere e alimenta
A ausência possibilitando a existência
A presença revelando a indiferença

Sonhos:
reminiscências do que já foi
e anseio do que será

mais um dia, mais uma noite, mais um você
nem uma palavra, nem uma imagem
nenhum, ninguém

08 novembro 2006

vestindo sua camisa de força

dentro da gaiola entreaberta

ele, olhando pela janela,

ansiava pela liberdade

que não lhe era cedida

06 novembro 2006

Era um delírio danado
De queimar as pestanas dos olhos
Um tremor batendo no peito
E esse adeus, que tem gosto de terra

Ah! Meu amor!
Não se entregue sem mim
Ah! Meu amor!
Eu só quero avoar



ABOIO AVOADO- Zé Rocha