31 agosto 2006

Se eu soubesse quem você é, mostraria quem eu sou
A nudez se esconde no desejo de estarmos nus
Tudo é tão onírico que eu sorrio
São duas crianças brincando,
tentando aprender o que se sabe o que é
Tão pueril que ficamos sem graça
Não consigo olhar para além disso
Minha ingenuidade dissimulada não me deixa enxergar
São duas crianças brincando,
se escondendo e fugindo daquilo que não se pode evitar

27 agosto 2006

E tudo está tão vivo que eu cansei de sonhar
O cansaço é de viver na distância entre o que eu não tenho e aquilo que eu acho que é- entre mim e você, talvez...
(Eu preciso viver mais, não é mesmo?!)
Uma vez aprendi que duas retas paralelas nunca se cruzam e hoje eu percebo o sentido disso
Eu aqui, você aqui-ali
Os devaneios, a realidade imaginada (e só) e aquilo que simplesmente é (e se vive, compartilhando)
Hoje eu quero sair por aí
(se quiser vir comigo, venha... mas não demore, porque eu cansei de sonhar)

23 agosto 2006

Paraíso Astral se aproximando...
Agora que o Sol entra em seu signo, você pode comemorar o início de uma fase bastante propícia para avançar em tudo que lhe diz respeito direta e pessoalmente. Independência e autonomia em ascensão. Organismo se revitaliza com hábitos saudáveis. Júpiter e Urano levarão você a mirar paisagens amplas.

17 agosto 2006

Não sei sentir, não sei ser humano,
não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens,
meus irmãos na terra.
Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido.
Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo.
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri.
Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse.
Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e institivo.
Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espamo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos.
Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos,
a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão,
de sair para fora de todas as casas,
de todas as lógicas, de todas as sacadas
e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos.

álvaro de campos, "passagem das horas"
Eu queria ter o tempo e o sossego suficientes
Para não pensar em cousa nenhuma,
Para nem me sentir viver
Para só saber de mim nos olhos dos outros, reflectido.

pessoa, em"poesia completa de alberto caeiro"

16 agosto 2006

hoje o céu não é o limite, porque eu perdi o chão


eu quero tanto e acabo com o que eu quero
ou
eu quero para encobrir o não-querer?

enfim...

15 agosto 2006

- Você não tem ossos de vidro!

(lição de vida tirada do "Fabuloso destino de Amelie Poulain")

14 agosto 2006

Sonho impossível
versão de Chico Buarque e Ruy Guerra
cantada por Maria Bethânia

Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite provável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo, cravar este chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã este chão que eu deixei
Por meu leito e perdão
Por saber que valeu
Delirar e morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor

12 agosto 2006

É isso?

Isso que não ouso dizer o nome
Isso que dói quando você some
Isso que brilha quando você chega
Isso que não sossega, que me desprega de mim
Isso tem de ser assim...
Isso que carrego pelas ruas
Isso que me faz contar as luas
Isso que ofusca o sol
Isso que é você e sou sem fim
Isso tem de ser assim...?

(Isso, Chico César)

09 agosto 2006

Pro dia ter um pouco de sentido:

Quase Nada
Zeca Baleiro/ Alice Ruiz

De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho
Será um atalho
Ou um desvio
Um rio raso
Um passo em falso
Um prato fundo
Pra toda fome
Que há no mundo
Noite alta que revele
Um passeio pela pele
Dia claro madrugada
De nós dois não sei mais nada
Se tudo passa como se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada

08 agosto 2006

Silêncio!

O silêncio pede

na presença, cumplicidade

Paz: completude e solidão

Ausência

na indiferença, opressão

o primeiro

a vida se preenchendo com ruídos

o último

a morte

O silêncio grita

( )

02 agosto 2006

No sun will shine in my day today
(No sun will shine.)
The high yellow moon won't come out to play
(Won't come out to play.)
Darkness has covered my light (and has changed,)
And has changed my day into night
Now where is this love to be found, won't someone tell me?
'Cause life, sweet life, must be somewhere to be found, yeah
Instead of a concrete jungle where the livin' is hardest
Concrete jungle, oh man, you've got to do your best, yeah.
No chains around my feet, but I'm not free
I know I am bound here in captivity
And I've never known happiness, and I've never known sweet
caresses
Still, I be always laughing like a clown
Won't someone help me?
Cause, sweet life, I've, I've got to pick myself from off the
ground, yeah
In this here concrete jungle,
I say, what do you got for me now?
Concrete jungle, oh, why won't you let me be now?
I said that life must be somewhere to be found, yeah
Instead of a concrete jungle, illusion, confusion
Concreate jungle, yeah
Concrete jungle, you name it, we got it, concrete jungle now
Concrete jungle, what do you got for me now

Bob Marley, Concrete Jungle

01 agosto 2006

NÃO SOLTAR OS CAVALOS

Como em tudo, no escrever também tenho uma espécie de receio de ir longe demais. Que será isso? Por que? Retenho-me, como se retivesse as rédeas de um cavalo que pudesse galopar e me levar Deus sabe onde. Eu me guardo. Por que e para quê? Para o que estou eu me poupando? Eu já tive clara consciência disso quando uma vez escrevi: "é preciso não ter medo de criar". Por que o medo? Medo de conhecer os limites de minha capacidade? Ou medo do aprendiz de feiticeiro que não sabia como parar? Quem sabe, assim como uma mulher que se guarda intocada para dar-se um dia ao amor, talvez eu queira morrer toda inteira para que Deus me tenha toda.

Clarice Lispector, em "Para não esquecer"