20 junho 2006
estava procurando por um sopro de vida. queria me surpreender novamente com a coerência das coisas, (re)descobrir aquilo que não se vê quando o que se quer é ver as coisas simplesmente passarem. tentava lembrar das vezes que a vida apareceu, das vezes que tudo se deu tão claramente que desviei os olhos, obrigada a ver com a não-razão. recorri à minha memória, às minhas questões e, por que não?!, às minhas respostas (embora elas me mostrassem sua própria fragilidade). lembrei, então, dos momentos em que eu mais senti a vida, das vezes em que eu vivi a morte mais de perto... a morte desnuda a vida, arranca todas as suas vestes e leva consigo parte da sua pele, expondo o que se quer esconder- o pudor, o medo, o ódio, o desejo bruto, o nada. nada... nada... lembrei de quando, menina, eu me forçava a sentí-lo (o nada): fechava os olhos, destruía o meu redor, meu bairro, minha cidade, estado, país, continente, mundo, galáxia e me excitava ao sentir a vertigem do vazio, que me mostrava o absurdo das coisas. eu queria chorar, fugir do abismo, mas não conseguia fugir da vontade de não-sentir: e continuava o exercício de acabar com tudo. estava procurando por um sopro de vida e me lembrei que, aquilo por que eu procurava- o sentido da vida, era um sentimento. estava querendo, então, desviar os olhos, me obrigando a enxergar com a não-razão.
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4 comentários:
Ufa!! depois de ler td isso, a gente precisa de um sopro de vida msm... mas, afinal, a angustia faz parte da vida....
Bjo
Eu também, algumas vezes, me esforcei pra não sentir nada... acabei dormindo, rs!
bjo.
e, até dormindo, a gente sonha...
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